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CAPÍTULO 12
QUASE O FINAL
Mayra já dobrava os joelhos, cansada, doente, fraca depois de aproximadamente umas três ou quatro horas presa naquela parede, quando surgiram outros dois homens de batina, ao lado de dois com saiote e capuz de couro. Nada lhe disseram Apenas a libertaram das pulseiras.
- O que vocês querem comigo. Por misericórdia, amigos seus quase acabaram comigo agora mesmo.
Mudos, puxaram-na, quase a rasto para a cadeira que se encontrava no fundo do salão. Ressalte-se que a referida cadeira era cheia de saliências de aço, pontiagudas, que além de ferir o supliciado ou a supliciada servia para ser aquecida pela fornalha que existia embaixo da mesma e queimar p condenado de forma lenta e muito dolorosa.
Ela foi relutante, tentando se safar das mãos dos seus algozes.
- Tirem estas mãos de cima de mim. O que vão fazer comigo. Parem!
Sentaram-na bruscamente.
- Nãããão! Eu não quero sentar nesta cadeira. Tirem-me daqui.
Prenderam seus punhos com correias de couro largas e apertadas.
- Soltem-me, ááááá, está me machucando, está muito apertada.
Agora os tornozelos também presos com correias de couro.
- Desgraçados, me soltem, filhos da puta. Cachorros! Aaaai! Quero respirar! Aiaiaiai! Estou sufocando.
Correias grossas foram passadas abaixo de seus seios e apertadas quase impossibilitando a sua respiração.
- Por caridade, por misericórdia. Não me matem!
O abdome foi fortemente preso à cadeira.
Mayra já não falava mais, apenas via suas cochas serem afiveladas a correias também presas à cadeira. Depois foi a vez de suas pernas.
Afrouxaram um pouco a correia que lhe prendia o tórax. Ela pode então engolir uma grande golfada de ar. Neste momento, um dos homens puxou uma alavanca e a cadeira virou-se de cabeça para baixo e Mayra teve a cabeça submersa no tambor com um líquido não identificado que se postava logo atrás da cadeira. Percebia-se que ela se debatia somente pelos movimentos desesperados dos dedos dos pés e das mãos. Outro movimento na alavanca e a cadeira voltou à posição inicial
Aaaaaah! Foi o som rouco produzido por Mayra engolindo todo o ar necessário para encher os seus pulmões. – Puusts!, cuspiu um pouco d'água e começou a engolir ar novamente.
A alavanca foi movimentada e Mayra mergulhou novamente no barril. Se na primeira vez ficara uns quinze segundos, desta vez esqueceram-na pelo menos uns 25 segundos.
Rããã.. Pusts... Aaaargh... Pusts... Aaaah – Mayra buscava desesperadamente ar. Estava senil. Não raciocinava mais. Nada mais dizia e nem se debatia. Somente o ar... Nada mais que o ar. O peito arfava descompassadamente. Dor nos pulmões, na cabeça... Por toda parte do corpo perfurado pelas pontas de aço. Estava louca procurando ar.
A alavanca ! O maldito barulho da alavanca! Aaaah, água, líquido, sufoco, ar, pelo amor de.... ar... ar... Preciso sair daqui... ar.... ar... Pulmão... dói... ar....ar... água...água... Quem sou eu? Ar.... água... É noite.... ar...No escuro não... quero... água... ar....
Que é isso? Cadê minha boneca? Já amanheceu? Tenho de ir para a escola. Pai, que horas são? Meu braço não está mexendo, não consigo ver meu relógio. Que dor nos peitos. Meu ânus está doendo tanto? Será que eu caí da cama? Ué, cadê a cerâmica de meu quarto. Essa é tão feia... Vou perguntar porque mudaram a minha cerâmica... Meus braços estão doendo e paralisados. Espere... o que é aquilo ali... Mas... Não sei... O que é mesmo aquilo ali... Eu estou sonhando ainda?... Eu estou com pesadelos novamente?... O que está me acontecendo?... Por que não fui para a aula e vim para este lugar horrível?... – De repente a consciência total – Aaaaaah!
Estava na parede, presa às pulseiras de aço, braços esticados, pernas dobradas nos joelhos, pés retorcidos e muito doloridos. Devagar foi se firmando nas pernas até que se apoiou por completo na parede. Viu a cadeira! Levou um tremendo susto com as lembranças. Então, ela não se afogara. Continuaria o seu sofrimento. Lembrou-se das recomendações daquele que se intitulara Juiz da Inquisição:
“ Para tanto, os carrascos deverão fazer tudo para preservar a vida da ré até que a sentença se cumpra em sua totalidade. ”
E ela se perguntava; que horas eram? Faltava muito para o amanhecer? Quanto tempo ficara desacordada?
Surgiu o Juiz da Inquisição. Com ele, várias pessoas, homens, mulheres, todos muito bem vestidos e com caras de pouquíssimos amigos. O coração disparou de vez. Chegara a sua hora. Queria que fosse breve.
Um homem de saia e capuz se aproximou, pegou suas bochechas e as apertou com violência. Ela soltou um grito interrompido por um chumaço de algodão enfiado em sua boca. Outro homem de capuz trouxe uma tira de polietileno e grudou sobre a sua boca. O primeiro, passou uma gaze de hospital, várias vezes em torno de sua cabeça, na altura dos lábios. Ela ficou desesperadamente sufocada.
Foi retirada da parede. Desceram umas argolas do teto e a prenderam nelas. Os tornozelos foram encorreados ao chão. Puxaram as correntes para cima esticando-lhe todo o corpo. Uma mesa, com vários instrumentos de tortura, como chicotes, alicates de aperto, de cortes, bisturis, etc. foi colocada à sua frente.
Comecemos pelo menor dos menores. Toda criança começa a aprender a não fazer coisas erradas e levando umas correiadas. Quero oferecer a oportunidade a algum dos presentes para proceder à execução deste castigo.
Se Sua Eminência me permitir...
Claro, senhor boticário... Ela é toda sua.
Um homem de meia idade passou perto dela, dirigiu-se à mesa, apanhou uma chibata fina, de couro inteiriço, ponta com tira triangular, experimentou vagarosamente na própria mão, olhou para ela, aproximou-se, tornou a olhar de cima em baixo, e desapareceu de suas vistas.
Urrou quando a primeira chibatada lhe atingiu a região da omoplata. O vergão era perceptível. A dor insuportável, como se as carnes tivessem sido rasgadas e penetradas pelo fino couro; a Segunda, logo a seguir, atingiu-lhe as nádegas, fazendo-a retorcer-se toda. Os gritos abafados pelas várias mordaças não importunavam ninguém. A terceira novamente na omoplata, quase em cima da outra. Foi atirada para frente com o impacto do chicote. As lágrimas lhe toldavam as vistas. A quarta pegou mais abaixo na região lombar. Novo arremesso para frente. Outra, nas nádegas; mais uma na omoplata; lombar.
Vislumbrou entre lágrimas e desfalecimentos o homem bem à sua frente. Não imaginava... a primeira lhe acertou em cheio o rosto, na altura do nariz, sendo que a tira triangular lhe feriu a testa. E não acertou os olhos porque a cabeça foi violentamente atirada para trás. Outra, os seios, de maneira cheia, os dois, mamas e mamilos. O abdome ficou com um vergão vermelho enorme.
Muito bem, senhor Boticário! Este castigo está aplicado.
Sim Eminência e espero ter sido competente diante de Vossa Eminência.
Mayra, com dores atrozes, nada ouvia. Estava desvairada! Nunca sentira tanta dor e não sabia o porquê. Percebia as mãos de alguma pessoa correndo-lhe pelo corpo, mas não via ninguém, não sabia quem era e nem queria saber. Só pedia que parassem com aquela dor horrível por todo o seu corpo. Doíam as costas, as nádegas, dentro do cu, na barriga, os seios latejavam, a cara estava cortada, tinha certeza. Por que não paravam com aquelas dores? Sentiu um cheiro forte de urina. Será que iriam obrigá-la a beber mais urina ainda? Não, era alguma coisa que enfiavam em seu nariz. Sacudiu vigorosamente a cabeça para se livrar daquele aroma desagradável. Voltou a se sintonizar no mundo. Viu que não estava mais espichada por correntes. Tentou mexer os braços e percebeu que estavam presos. Acordou de vez.
Tinham-na retornado para a mesa do membro de madeira. Ela estava presa como antes. O cu arreganhado para o pavoroso instrumento. Com o rabo dos olhos, viu e ficou muito mais apavorada ainda. Haviam colocado uma capa com pequenos grampos enterrados. Tornara-se uma verdadeira espiga de milho, só que de aço.
Irmãos, ela, quando pega, estava recebendo um membro fálico de plástico que lhe enfiava uma moça pelo seu orifício anal. Este castigo lhe redimirá deste seu pecado. Alguém quer ser o redentor desta profana?
Posso ser eu, Eminência? – uma voz feminina
Sim Professora, que seja a senhora. O instrumento é de fácil aplicabilidade.
Sim, Eminência. Já percebi como funciona.
A mulher foi até a ponta da mesa onde estava presa a cabeça de Mayra, olhou-a por algum tempo, pegou seus cabelos e levantando a cabeça dela ao máximo que a coleira permitia, cuspiu-lhe sobre a mordaça.
Cadela dos infernos, você vai ver do que é capaz uma mulher honrada, ultrajada por gente igual a você. Prostituta. – virou-se, levantou a saia e soltou um sonoro e fedido peido bem no nariz de Mayra.
A Professora veio até o instrumento. Pegou a haste e o colocou bem na entrada do cu de Mayra. Passou o dedo pelas bordas de entrada, apoiou a ponta do enorme membro crespo e repentinamente o enfiou dentro do orifício anal. A força foi tanta que o membro entrou de uma só vez, rasgando por completo o ânus de Mayra praticamente unindo-o à boceta. Mayra soltou um grito horrível preso na mordaça e desmaiou.
O médico que acompanhava o martírio, não permitiu uma segunda vez do martírio e imediatamente começou a costurar o cu de Mayra, aproveitando estar esta desmaiada dispensando a anestesia.
Ao retornar a si, Mayra delirava. Era tanta a dor que ela trespassava. Ela ria, por baixo da mordaça, chorava, ria. Achou graça de se ver amarrada com cordas finas em uma cruz. Ficou feliz de ver que seus pés se apoiavam em alguma coisa sólida, como um pequeno pedestal. Os bobos! Se levantassem a cruz ela teria onde se apoiar.
Devido recomendações médicas e tendo em vista o estado de saúde da condenada, partiremos agora para a concretização da sentença. Primeiro a crucificação. Como se trata de algo técnico nós observaremos a atuação dos carrascos. E por indicação da maioria comecem pelos pés dela.
Os homens se aproximaram. Os pés de Mayra se apoiavam realmente em tocos que estavam ali para receberem os pregos.
As pernas, juntas desta vez, foram bem amarradas, na altura das cochas e das pernas propriamente ditas, além dos tornozelos. Os membros superiores, além de cordas nos pulsos, tinham também no antebraço e no braço. Uma outra corda, quase torava o abdome da vítima.
O prego grosso, curto, meio enferrujado, daqueles próprios para pregarem moirões de porteira, foi apoiado na planta do pé esquerdo. O carrasco olhou para o Magistrado. Ao seu sinal afirmativo, levantou uma pequena marreta e bateu na cabeça larga do prego. Este adentrou o pé quebrando ossos, cortando nervos, arrebentando veias, atingindo o toco de madeira.
Mayra viu, como se de bem longe, a pancada no pé. Já completamente desvairada, sorriu, pediu clemência para si mesmo, soltou algumas lágrimas sem querer. Nada mais. Não mexeu um só músculo.
A segunda marretada fez o prego penetrar o toco e arrasar mais ainda o lindo pé de Mayra.
Novo sorriso. Novas lágrimas.
A terceira marretada fixou realmente o pé na madeira. A cabeça do prego entrou um pouco no pé, firmando-o contra o lenho, prendendo-o de forma definitiva.
Mayra desmaiara, há muito tempo. Nada mais sentia.
Os carrascos procederam assim com os demais membros. O pé direito ficou completamente destroçado pelo erro de uma marreta. Os dedos ficaram todos partidos. As mãos foram pregadas pelas palmas. O sangue que jorrara pelo antebraço, braço, passara pelos ombros, pingava no chão, copiosamente.
Ao terminarem, o médico constatou que Mayra ainda estava viva. Recomendou que aguardassem a continuação da sentença para mais tarde ou, se possível, para o outro dia. Assim foi feito.